Existe? Será que existe namorada ou namorado perfeito?
Estava, a pessoa que vos escreve, (sim, adoro esse modo coloquial tosco e vocês, meus queridos dois leitores, podem se acostumar com ele, porque ei de usá-lo muito. Ah, sim, em dias "inspirados", a linguagem shakespeareana também ;b). Como dizia... estava, a pessoa que vos escreve, conversando com seu simplório namorado até que se chegou (ainda me pergunto como) àquela conversa sacana para qualquer mulher: celulite, estrias e varizes. Então me deparo com o seguinte comentário: "Claro que eu reparo nessas coisas!". Pára tudo! Como assim repara? Não sou o amor da sua vida? Você não é meu príncipe encantado? E desde quando se vê a unha encravada no dedinho do pé esquerdo, o cabelinho pixaim que ficou crespo ao acordar de manhã ou aquela espinhazinha modorrenta na testa de quem se ama? A partir daí, seguiu-se um diálogo muito parecido com esse (pós-comentários editados e criativos da autora são a parte, claro):
"- Mas... e quando eu ficar velha? As coisas vão caindo naturalmente, celulites aparecendo e... e eu tenho umas varizes no joelho, humpf!"
"- Ah, mas agora você trabalha em pé o dia todo, não estava acostumada, isso é normal." (sim, secretárias têm vida boa; tenta virar vendedora de Magazine Luiza pra ver o que é criar variz da noite para o dia).
"- Tá, mas e se piorar? Quando se vai envelhecendo ou mesmo jovem, se começar a desandar a coisa?”
“- Ah, mulher tem que se cuidar”...
"- Tá, mas e se piorar? Quando se vai envelhecendo ou mesmo jovem, se começar a desandar a coisa?”
“- Ah, mulher tem que se cuidar”...
...
Pausa para o diabinho do canto do ombro falar: “- Porra, cadê a tal da segurança do Bradesco?”
...
Pausa para o anjinho do canto do ombro falar: “- Porra, cadê a tal da segurança do Bradesco?”
...
Pausa para o cérebro pensar: “- Porra, cadê a tal da segurança do Bradesco?”
Pois é, caros colegas internautas, cadê a tal da segurança do Bradesco?
Talvez vocês não estejam lembrados, mas houve uma época em que passava um comercial (o mais lindo que já vi) do Bradesco na TV, com um casal de recém-casados tendo a seguinte conversa:
Ela: E se eu ficar velha?
Ele: Eu fico junto!
Ela: Se eu ficar feia?
Ela: Se eu ficar feia?
Ele: Eu fico míope.
Ela: Se eu ficar triste?
Ele: Eu viro um palhaço!
Ela: Se eu ficar chata?
Ele: Eu te faço cócegas.
Ela: E se eu ficar gorda?
Ele: Eu quebro o espelho!
Locutor: O importante na vida é ter com quem contar!
ps: para quem nunca viu o vídeo, segue aí embaixo. Realmente é lindo e vale a pena conferir.
Link para o vídeo no Youtube.
Mas então, pergunto: Cadê a segurança do Bradesco? Como assim “mulher tem que se cuidar!”? Homem não? Se a mulher ficar feia, criar varizes ou se o namorado (supostamente aquele alguém na vida com quem você pode contar) resolver que você não serve mais, que ficou feia ou que aqueles defeitinhos antes ignorados agora são grandes demais para caber no relacionamento, você é descartada? O amor acaba por causa disso?
Realmente, os contos de fadas estão cada vez mais curtos e aquela história do viveram felizes para sempre só existe na lembrança das mulheres feias, gordas, com celulite e cheias de sentimento; sentimento de mulheres que sabem que um dia foram verdadeiramente amadas e consideradas lindas, com todas as suas imperfeições e coisas que antes não eram importantes.
O fútil, cada vez mais, ganha espaço e cresce perante o que realmente vale à pena.
Aqueles olhos verdes não brilharão mais após o cair da tarde, mas continuarão lá, vivos, ardendo em chamas ao coração cheio de amor, amor talvez não mais correspondido.